Não temos certeza sobre sobre a origem da palavra “samoieda”. Para os etnólogos, samoiedas são os povos nômades de origem mongol, localizados no norte da Sibéria Ocidental, entre o curso inferior do Obi e o rio Yenissei, e a nordeste, na península de Tamir. Os cinólogos chamam os samoiedas de uma antiqüíssima e magnífica raça de cães nórdicos de pêlo branco. Quem tem razão?
Todos, pois os povos samoiedas, que eram criadores de renas de cultura xamânica, também utilizavam certos cães de pelagem espessa, os Samoiedas.
Há mais de mil anos A. C., tribos originarias dos planaltos iranianos instalaram-se nas planuras situadas a leste dos Montes Urais e na tundra. Estes nômades recorriam aos seus cães para tarefas muito variadas: caça, pesca ou para puxar os trenós; as tribos que viviam fundamentalmente da criação de renas utilizavam-nas como animais de tiro e confiavam aos cães a guarda dos rebanhos. Assim, o cão Samoieda teve desde o início uma vocação polivalente.
Os samoiedas gostavam tanto dos seus cães que os primeiros exploradores tiveram muita dificuldade para adquiri-los quando precisaram deles. Diz-se mesmo que alguns se separavam com mais facilidade da mulher do que de um bom cão. Os ocidentais começaram a interessar-se pelos cães de trenó e pelo Samoieda em particular à partir de 1870, com as primeiras expedições polares. O primeiro a utilizá-los foi o norueguês Fridtjof Nansen, quando tentou chegar ao pólo. Este gigantesco escandinavo comprou trinta e quatro cães no pequeno povoado samoieda de Khavarova, em 24 de junho de 1893. Em 19 de outubro, com uma temperatura que descera aos quarenta graus negativos. Nansen decidiu abandonar o barco imobilizado pelo gelo e terminar a expedição num trenó puxado por cães. Tendo observado que “quatro cães podem arrastar dois homens”, partiu para o pólo. Em 14 de abril de 1895, deteve-se a quatrocentos quilômetros do seu objetivo. Na parte final da viagem de regresso, que foi terrivelmente lenta, teve de sacrificar os dois últimos cães, Kaiphas e Suggen. A coragem destes animais tinha salvo a expedição e levado o homem mais perto do pólo do que nunca. Os valentes Samoiedas não pararam aí, uma vez que, depois de terem servido lealmente a exploradores como Jackson, Hammersworth, o duque dos Abruzzos e Borchgrevink, foram os corajosos companheiros do célebre Amundsen, também norueguês, que chegou ao Pólo Sul em 14 de dezembro de 1911 num trenó puxado por cães.
Quanto ao capitão Robert Scott, nunca quis utilizar os cães de trenó nas suas expedições à Antártida para não ser obrigado a sacrificá-los à medida que fossem diminuindo os mantimentos e se aliviasse o peso dos trenós. Decidiu substituí-los por pôneis da Islândia. A que se deveu essa sua recusa? Enquanto alguns dizem que nunca simpatizou de verdade com os cães, outros explicam, ao contrário, que foi porque gostava muito deles.
Scott conhecia bem os Samoiedas. Em 1889, um parente seu, Kilburn-Scott, adquiriu em Arkangelsk um Samoieda castanho, Savarka, e uma fêmea, Wistay-Petchura. Foi este casal que deu início à criação britânica, bem como os cães chamados Houdin, Perlene, Antartic Burh etc., adquiridos pelos exploradores acima mencionados. Foi com esses primeiros exemplares que Kilburn-Scott fundou a sua criação “of Farningham”, da qual procedem as linhagens atuais. É interessante assinalar que nem todos os Samoiedas da época eram brancos. Os Bielkers (cães brancos que têm filhotes brancos) encontravam-se principalmente nas tribos nômades, enquanto que as sedentárias tinham cães ligeiramente menores e de cor. Mas o gene do branco revelou-se dominante e pouco a pouco foi se tornando a marca da raça.
O Samoieda teve muita aceitação na Inglaterra. Assim, o príncipe de Gales (futuro Eduardo VII) teve um exemplar branco com a cabeça preta, e a própria rainha Vitória foi durante muito tempo dona de Jacko, um dos melhores exemplares de exposição da época.
Não se pode falar da raça Samoieda sem mencionar o esplêndido Kura Sea, descedente de Mustan of Faringham e de Zarina. Nascido em 1924, ganhou nada menos que vinte e quatro challengers (certificados de campeonato) sem nunca conhecer a derrota e aparece em mais de cinqüenta por cento dos pedigrees atuais. Este cão foi o resultado de um programa de criação sem precedentes, como observou o especialista Will Haley em 1927. Os ingleses haviam começado, no fim do século XIX, a selecionar os cães importados pelas suas qualidades morfológicas, conseguindo preservar o seu maravilhoso caráter e a sua aptidão para o trabalho. A melhor prova dessa conquista foi a maneira heróica como os Samoiedas britânicos atuaram nas expedições empreendidas.
Os primeiros Samoiedas foram expostos em Leeds em 1893, mas só em 1920 foi criado o clube inglês da raça, existente até hoje.
A importação do Samoieda para os Estados Unidos, país em que a espécie canina conta com muitos apaixonados, data do início do século e tem como motivo uma história bastante romântica que vale a pena mencionar. Um dia, em 1902, em São Petersburgo, uma certa princesa de Montiglion, entendida cinóloga, estava presente no momento em que o irmão do tzar Nicolau ofereceu um Samoieda. Com perfeita consciência da inutilidade das suas palavras, comentou com o grão-duque que daria qualquer coisa para ter um daqueles cães. Partiria de trem no dia seguinte e, ao chegar à estação, teve a surpresa de encontrar um filhote escondido dentro de um luxuoso ramo de flores. O bilhete que acompanhava a singular oferta dizia: “Mustan não está à venda nem tem preço, mas sentir-me-ia muito honrado se Vossa Excelência me fizesse o favor de ficar com ele”. E foi graças a galanteria de um grão-duque russo que Mustan se tornou o pai de muitos Samoiedas norte-americanos de qualidade. E, desde então, a raça começou a difundir-se pelo mundo.
Todos, pois os povos samoiedas, que eram criadores de renas de cultura xamânica, também utilizavam certos cães de pelagem espessa, os Samoiedas.
Há mais de mil anos A. C., tribos originarias dos planaltos iranianos instalaram-se nas planuras situadas a leste dos Montes Urais e na tundra. Estes nômades recorriam aos seus cães para tarefas muito variadas: caça, pesca ou para puxar os trenós; as tribos que viviam fundamentalmente da criação de renas utilizavam-nas como animais de tiro e confiavam aos cães a guarda dos rebanhos. Assim, o cão Samoieda teve desde o início uma vocação polivalente.
Os samoiedas gostavam tanto dos seus cães que os primeiros exploradores tiveram muita dificuldade para adquiri-los quando precisaram deles. Diz-se mesmo que alguns se separavam com mais facilidade da mulher do que de um bom cão. Os ocidentais começaram a interessar-se pelos cães de trenó e pelo Samoieda em particular à partir de 1870, com as primeiras expedições polares. O primeiro a utilizá-los foi o norueguês Fridtjof Nansen, quando tentou chegar ao pólo. Este gigantesco escandinavo comprou trinta e quatro cães no pequeno povoado samoieda de Khavarova, em 24 de junho de 1893. Em 19 de outubro, com uma temperatura que descera aos quarenta graus negativos. Nansen decidiu abandonar o barco imobilizado pelo gelo e terminar a expedição num trenó puxado por cães. Tendo observado que “quatro cães podem arrastar dois homens”, partiu para o pólo. Em 14 de abril de 1895, deteve-se a quatrocentos quilômetros do seu objetivo. Na parte final da viagem de regresso, que foi terrivelmente lenta, teve de sacrificar os dois últimos cães, Kaiphas e Suggen. A coragem destes animais tinha salvo a expedição e levado o homem mais perto do pólo do que nunca. Os valentes Samoiedas não pararam aí, uma vez que, depois de terem servido lealmente a exploradores como Jackson, Hammersworth, o duque dos Abruzzos e Borchgrevink, foram os corajosos companheiros do célebre Amundsen, também norueguês, que chegou ao Pólo Sul em 14 de dezembro de 1911 num trenó puxado por cães.
Quanto ao capitão Robert Scott, nunca quis utilizar os cães de trenó nas suas expedições à Antártida para não ser obrigado a sacrificá-los à medida que fossem diminuindo os mantimentos e se aliviasse o peso dos trenós. Decidiu substituí-los por pôneis da Islândia. A que se deveu essa sua recusa? Enquanto alguns dizem que nunca simpatizou de verdade com os cães, outros explicam, ao contrário, que foi porque gostava muito deles.
Scott conhecia bem os Samoiedas. Em 1889, um parente seu, Kilburn-Scott, adquiriu em Arkangelsk um Samoieda castanho, Savarka, e uma fêmea, Wistay-Petchura. Foi este casal que deu início à criação britânica, bem como os cães chamados Houdin, Perlene, Antartic Burh etc., adquiridos pelos exploradores acima mencionados. Foi com esses primeiros exemplares que Kilburn-Scott fundou a sua criação “of Farningham”, da qual procedem as linhagens atuais. É interessante assinalar que nem todos os Samoiedas da época eram brancos. Os Bielkers (cães brancos que têm filhotes brancos) encontravam-se principalmente nas tribos nômades, enquanto que as sedentárias tinham cães ligeiramente menores e de cor. Mas o gene do branco revelou-se dominante e pouco a pouco foi se tornando a marca da raça.
O Samoieda teve muita aceitação na Inglaterra. Assim, o príncipe de Gales (futuro Eduardo VII) teve um exemplar branco com a cabeça preta, e a própria rainha Vitória foi durante muito tempo dona de Jacko, um dos melhores exemplares de exposição da época.
Não se pode falar da raça Samoieda sem mencionar o esplêndido Kura Sea, descedente de Mustan of Faringham e de Zarina. Nascido em 1924, ganhou nada menos que vinte e quatro challengers (certificados de campeonato) sem nunca conhecer a derrota e aparece em mais de cinqüenta por cento dos pedigrees atuais. Este cão foi o resultado de um programa de criação sem precedentes, como observou o especialista Will Haley em 1927. Os ingleses haviam começado, no fim do século XIX, a selecionar os cães importados pelas suas qualidades morfológicas, conseguindo preservar o seu maravilhoso caráter e a sua aptidão para o trabalho. A melhor prova dessa conquista foi a maneira heróica como os Samoiedas britânicos atuaram nas expedições empreendidas.
Os primeiros Samoiedas foram expostos em Leeds em 1893, mas só em 1920 foi criado o clube inglês da raça, existente até hoje.
A importação do Samoieda para os Estados Unidos, país em que a espécie canina conta com muitos apaixonados, data do início do século e tem como motivo uma história bastante romântica que vale a pena mencionar. Um dia, em 1902, em São Petersburgo, uma certa princesa de Montiglion, entendida cinóloga, estava presente no momento em que o irmão do tzar Nicolau ofereceu um Samoieda. Com perfeita consciência da inutilidade das suas palavras, comentou com o grão-duque que daria qualquer coisa para ter um daqueles cães. Partiria de trem no dia seguinte e, ao chegar à estação, teve a surpresa de encontrar um filhote escondido dentro de um luxuoso ramo de flores. O bilhete que acompanhava a singular oferta dizia: “Mustan não está à venda nem tem preço, mas sentir-me-ia muito honrado se Vossa Excelência me fizesse o favor de ficar com ele”. E foi graças a galanteria de um grão-duque russo que Mustan se tornou o pai de muitos Samoiedas norte-americanos de qualidade. E, desde então, a raça começou a difundir-se pelo mundo.
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