Original de regiões frias, muito se questiona sobre a sua estabilidade nos trópicos. Porém, o Samoieda soube se adaptar às alterações sofridas que, muito sutis, resultaram apenas na troca de pelo nas mudanças de estação, que é a redução do subpelo durante o calor. Jamais ocorreram mudanças estruturais a ponto de afetar sua saúde. Sua pelagem não tem apenas função de aquecê-lo, pois reduz a influência das variações externas em seu organismo, ajudando-o a manter estável a sua temperatura física. O trato dessa bela pelagem é simples, embora nos sugira ser muito trabalhosa, assim como a manutenção de sua cor. A raça exige poucos cuidados, pois é limpa por natureza e faz sua própria higiene lambendo-se por inteiro.
Necessita apenas de uma ou duas boas escovações semanais, para a remoção de pelos mortos, principalmente nas épocas de muda, gestação das fêmeas e na permanência de sua cor. Sua pelagem possui uma oleosidade impermeabilizante que impede a fixação da sujeira, não devendo dar banhos seguidamente, mesmo com o clima quente, pois, o pelo em constante contato com a água, perde essa oleosidade, ocasionando dermatites, fungos e problemas de pele generalizados, podendo vir até a apodrecer sua pelagem. Com relação à sua saúde, a raça é muito resistente, haja visto sua origem. Como exposto, não apresenta problemas de adaptação climática e não é propensa a nenhuma doença específica.Ao adquirir um filhote de Samoieda observe se são alegres e brincalhões. Seu olhos devem ser sempre brilhantes com lábios pretos e, nas extremidades, ligeiramente levantados, proporcionando o "sorriso Samoieda" que denota sua habitual simpatia. Suas orelhas ficam eretas a partir dos 3 a 4 meses. Sua cauda possui pelos longos e a partir dos 2 meses, portada sobre o dorso. Atenção à pigmentação de lábios e nariz, onde ambos devem ser bem preenchidos, ou de preto (cor habitual) sou castanho bem escuro. É importante que "não se mexa" em suas orelhas até que estejam eretas, pois quando novinhos a cartilagem é muito sensível e pode vir a quebrá-las pelo manuseio em excesso.
Mesmo sabendo que a raça Samoieda é muito resistente à doenças, é sempre importante ficar atento à qualquer alteração em seu comportamento e/ou física do animal. Sendo assim, destacamos abaixo algumas doenças caninas que podem atingir todas as raças, inclusive os samoiedas.
EXAME OFTALMOLÓGICO:
O olho e a região periocular são examinados, inicialmente em ambiente iluminado, verificando-se a presença de alterações mais evidentes, como secreção, hiperemia ("vermelhidão"), edema ("inchaço"), alopecia (falta de pêlos), ferimentos e assimetrias; são também aplicadas provas para verificar a acuidade visual. A seguir, o exame oftálmico passa a ser realizado em sala escura, devendo o clínico possuir um foco de luz, que permita a visibilização de estruturas como a córnea, a íris e o cristalino, assim como as pálpebras, os cílios e a membrana nictitante, estes considerados anexos oculares. Caso haja necessidade, estas estruturas devem ser inspecionadas com lupa ou em lâmpada de fenda, para um exame mais minucioso. Determinadas situações demandam a dilatação das pupilas para a melhor visibilização do cristalino, em casos de catarata, ou a realização do exame de fundo de olho (oftalmoscopia), o qual possibilita a inspeção da retina.
O animal é submetido, ainda, a testes com a finalidade de medir a produção da lágrima (teste de Schirmer), verificar a existência de lesões na córnea (úlceras), através do uso do corante fluoresceína, e mensurar a pressão intra-ocular (tonometria).
O diagnóstico acurado e precoce da doença ocular permite estabelecer tratamento adequado, o que torna melhor seu prognóstico. A detecção de doenças sistêmicas concomitantes é de fundamental importância, pois muitas possuem manifestações oculares, como a toxoplasmose, a erliquiose, a cinomose e o diabetes.
As principais oftalmopatias em cães e gatos são as ceratites, as uveítes, o glaucoma e a catarata.
CERATITES:
As ceratites caracterizam-se por processos inflamatórios da córnea. Classificam-se, em decorrência da sua etiologia, em: infecciosas, alérgicas, traumáticas, idiopáticas e secundárias a doenças sistêmicas. Relativamente à profundidade da lesão, dividem-se em superficiais, interticiais ou profundas, podendo, ainda, ser ulcerativas ou não. Existem alguns quadros particulares, como os da úlcera indolente do Boxer e o pannus oftálmico que, geralmente, acomete cães da raça Pastor Alemão. Diminuição da produção lacrimal pode acarretar o surgimento da ceratoconjuntivite seca (CCS).
Os sinais clínicos mais comuns nas ceratites são: perda de transparência da córnea, dor, fotofobia (sensibilidade à luz), blefaroespasmo e lacrimejamento. Nos casos crônicos ocorrem, ainda, vascularização e pigmentação da córnea. Na CCS, há aumento na produção de muco, ressecamento e espessamento da conjuntiva.
Deve-se tentar estabelecer a causa da enfermidade, para que se possa iniciar a terapia adequada visando a eliminar o fator desencadeante, prevenir a progressão da doença e promover a cicatrização. O tratamento pode ser clínico, envolvendo o uso de antibióticos, inibidores da colagenase, antiinflamatórios e imunossupressores. As ceratites ulcerativas extensas ou as profundas exigem intervenção cirúrgica, com a realização de recobrimentos ou a aplicação de enxertos.
UVEÍTE:
A uveíte ou inflamação da úvea que é constituída pela íris, corpo ciliar e coróide, pode ter origem infecciosa, imunomediada, tóxica, traumática ou desconhecida. Na maioria dos casos, o processo é secundário a doenças sistêmicas.
Os sinais clínicos mais freqüentes são: fotofobia (sensibilidade à luz), dor, blefaroespasmo, hiperemia (vermelhidão), lacrimejamento, miose (contração da pupila), edema de íris, hipópio, hifema e diminuição da pressão intra-ocular (PIO).
O tratamento consiste no uso de antiinflamatórios tópicos e sistêmicos e de cicloplégicos. Nos casos de uveíte secundária, é necessário estabelecer e tratar a causa primária. A doença pode promover sequelas como aderências, glaucoma e catarata.
GLAUCOMA:
O glaucoma não é caracterizado apenas por um aumento na pressão intra-ocular, mas como uma doença com múltiplas etiologias que resulta na destruição da função e estrutura ocular. Pode ser decorrente da má formação ou obstrução do ângulo de drenagem; bloqueio pupilar (nos casos de uveíte) e luxação ou sub-luxação do cristalino. Estes fatores acarretam a não eliminação do humor aquoso e conseqüente aumento da PIO (pressão intra-ocular), que é detectada por meio de tonômetro eletrônico. A predisposição para o glaucoma pode ser detectada à gonioscopia (exame do ângulo de drenagem do humor aquoso).
O glaucoma pode ser classificado em congênito, primário e secundário. Os dois primeiros tipos acometem cães das raças Basset Hound, Dachshund, Cocker Spaniel, Poodle e Schnauzer miniaturas, Husky Siberiano, Fox Terrier, Chiuhahua, Beagle, Border collie, dentre outras.
A doença se manifesta por sinais clínicos como edema de córnea, congestão de vasos oculares, midríase (dilatação da pupila), aumento da PIO (pressão intra-ocular) e do bulbo do olho, dor e blefaroespasmo.
A terapia visa a diminuir a produção do humor aquoso ou a aumentar a sua drenagem, podendo ser clínica ou cirúrgica. O prognóstico em animais é bastante reservado, sendo o tratamento raramente curativo e nem sempre eficaz.
CATARATA:
A catarata, que é a opacificação do cristalino, pode ser classificada de acordo com sua etiologia, localização e estágio de maturação, bem como segundo a idade do paciente.
A maioria das cataratas, em cães, é de caráter hereditário e de manifestação bilateral. Em gatos, o processo geralmente é secundário a outras oftalmopatias, como as uveítes, por exemplo (Figura 5). A catarata pode ser desencadeada por doenças como o diabetes e as uveítes, pelo contato com substâncias tóxicas e pela presença de tumores intra-oculares.
Relativamente à idade do paciente, a catarata pode ser classificada em congênita, juvenil, adulta ou senil. A congênita está presente por ocasião do nascimento e é comum no Schnauzer, Pastor Alemão e Cocker Spaniel. A juvenil ocorre em animais com menos de dois anos, sendo comumente diagnosticada em Afghan Hound, Cocker Spaniel, Golden Retriever e Poodle. A catarata dos adultos surge em cães com dois a seis anos, principalmente nas raça Cocker Spaniel. As cataratas senis desenvolvem-se em pacientes com idade avançada e são extremamente freqüentes nos cães.
Não há tratamento clínico efetivo. No entanto, quando a catarata é causada por outras doenças (diabetes, inflamação intra-ocular etc) a doença primária deve ser tratada. Há períodos em que a catarata não prejudica a visão, mas quando há déficit visual, a remoção cirúrgica da lente (cristalino) deve ser considerada. A cirurgia da catarata é verdadeiramente delicada e cuidados intensivos no pós operatório, juntamente com cooperação do paciente, são essenciais para o sucesso do procedimento.
O tratamento para a catarata é essencialmente cirúrgico, através de métodos tradicionais ou, atualmente, por meio de facoemulsificação, no qual o emprego de caneta com poder ultrassônico permite quebrar e aspirar a catarata, possibilitando a obtenção de excelentes resultados.
A eletrorretinografia é um exame que avalia a atividade elétrica da retina em resposta a um estímulo luminoso. O eletrorretinograma é usado quando o oftalmologista não consegue examinar a retina porque a lente encontra-se opacificada. Se a eletrorretinografia for negativa, a retina não é funcionante, neste caso, a cirurgia não deve ser considerada.
A cirurgia não deverá ser realizada em olhos com cicatrizes extensas e adesões da córnea. Alguns pacientes apresentam menor risco anestésico que outros, enquanto que em alguns são menores as chances de sucesso na cirurgia devido a problemas outros concorrentes.
Os hematozoários são parasitas unicelulares chamados protozoários que para poderem sobreviver alimentam-se de células sangüíneas dos seus hospedeiros.
Em medicina os hamatozoários mais importantes conhecidos por causar doenças graves no homem são o Trypanossoma cruzi causador da Doença de Chagas que atinge principalmente células musculares do coração denominadas miocárido e a Rickettsia rickettsii causadora da doença das montanhas rochosas ou febre maculosa que afeta principalmente os glóbulos vermelhos do sangue.
Em medicina veterinária de pequenos animais, principalmente, cães os hematozoários de maior importância são a Babesia e a Erlichia.
A Babesia canis é causadora da doença babesiose canina. Como principal hospedeiro e transmissor da babesia canina temos o carrapato Rhipicephalus sanguineus.
Erlichia sp, assim como a babésia, também é transmitida pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus e também parasitam os glóbulos vermelhos do sangue dos animais da espécie canina. As Erlichias são espécies de protozoários próximas às Babésias, que são diferenciadas mediante técnicas especiais biológicas.
As hemoparasitoses pelo fato de determinarem nos cães parasitados, sangramento pelas pontas das orelhas, recebiam o nome de Nambi-Uvú por nossos indígenas, que em linguagem Tupi significa: Orelha que sangra.
SINAIS CLÍNICOS DAS DOENÇAS:
Na babesiose, os animais parasitados albergam esse protozoário em seu sangue circulante, principalmente no interior das hemácias, que têm como conseqüência a ruptura desses glóbulos vermelhos, o que é denominado de hemólise, causando anemia do tipo hemolítica e icterícia.
A erlichiose é uma enfermidade septicêmica bastante comum em cães. A erlichia além de parasitar os glóbulos vermelhos afeta também as células sanguíneas brancas, principalmente monócitos e neutrófilos.
As enfermidades têm maior destaque na primavera e verão onde as condições climáticas favorecem a proliferação do carrapato, embora possa ocorrer durante o ano todo.
O período de incubação da doença varia de 7 a 21 dias. E o aparecimento dos sintomas pode acorrer em até 3 meses após a contaminação. A enfermidade se caracteriza por febre, perda do apetite, apatia, secreção mucopurulenta no nariz e olhos, vomito fétido e aumento do baço. Podem aparecer aumento generalizado dos linfonodos, as chamadas ínguas. Alguns animais podem apresentar, convulsões e paralisia. Ocorrem lesões erosivas na mucosa da boca e na pele, edema dos membros posteriores, aumento de abdômen e infecção intestinal.
O curso da doença é desfavorável e a proporção de animais mortos pode ser muito alta, principalmente se a enfermidade não for diagnosticada no início.
DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS:
O diagnóstico é baseado na suspeita clinica e confirmado através do exame da amostra de sangue do animal com o encontro do parasitas nas células sangüíneas. A quantidade mínima de uma gota é suficiente, após preparo do esfregaço sangüíneo é levada essa lâmina ao microscópio ótico, onde serão visualizados esses hematozoários situados no interior dos glóbulos vermelhos sangüíneos, quando positivo. A diferenciação dos hematozoários é feita pelas características morfológicas próprias desses parasitas.
TRATAMENTO:
Para cada tipo de hematozoário existe no mercado farmacêutico medicamento específico, o qual deve ser ministrado individualmente de acordo com o peso e idade do animal parasitado. Além disso, medicação para regeneração dos glóbulos vermelhos deve também ser instituída. Conforme a gravidade do parasitismo nós indicaremos a medicação que melhor se enquadre no caso em questão.
CUIDADOS:
Trata-se de uma zoonose transmitida do animal para o homem, quando ele fica mais exposto a uma área infestada. Por esse motivo é importante que as pessoas tomem alguns cuidados quando estiverem no meio rural como utilização de calça e camisa compridas e de cores claras, para que se possa ver o carrapato. E a principal de todas é o controle dos carrapatos.
Como controle e medida preventiva das hemoparasitoses deve-se combater as infestações por carrapatos no cão e no ambiente. Medicamentos devem ser sempre administrados sob a responsabilidade do clinico veterinário.